segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Exercício em gestantes

Apesar de já serem conhecidos os efeitos benéficos da atividade física m gestantes, poucos estudos populacionais a respeito deste tema haviam sido realizados até agora. Um artigo recém-publicado acompanhou quase 1500 gestantes e constatou que o risco de lesões associadas à prática de exercícios em gestantes é muito pequeno.  Além disso, quando aconteceram, estas lesões limitaram-se a arranhões e contusões leves, sendo a maioria delas decorrentes de queda. Assim, concluiu-se que a prática de exercícios é segura em gestantes e deve-se atentar para o risco de queda nesta população.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Boxe como adjuvante no tratamento da Doença de Parkinson

Não são raros os casos de alterações neurológicas em lutadores de boxe. Quem não se lembra do momento em que Muhamad Ali, um dos maiores boxers de todos os tempos, acendeu a tocha olímpica na abertura das Olimpíadas de Atlanta (1996) com seus movimentos enrijecidos pela Doença de Parkinson?

Os traumas cerebrais repetidos, conseqüentes à prática do boxe podem produzir danos neurológicos progressivos. Inicialmente esta síndrome era conhecida como "demência pugilística" e mais recentemente passou a ser denominada encefalopatia traumática crônica. Mas isso foi descrito em 1920 e não é novidade...

A novidade é que uma série de casos publicada recentemente teve bons resultados ao propor treinamento de boxe a pacientes com Doença de Parkinson. Antes que vocês imaginem pacientes parkinsonianos degladiando-se sobre um ringue de boxe, vou explicar melhor. Os pacientes do estudo foram submetidos a treinamento específico, envolvendo os movimentos do boxe, além de exercícios convencionais que visavam aumentar força, flexibilidade e resistância. Apesar da natureza progressiva da Doença de Parkinson, os pacientes tiveram benefícios a curto e longo prazo (36 semanas) em testes de equilíbrio, marcha, atividades cotidianas e qualidade de vida, com o treinamento de boxe. Estudos envolvendo um maior número de pacientes ainda são necessários, mas estes resultados são bastante interessantes.

Para ler mais sobre conseqüências neurológicas da prática de boxe: Chronic Traumatic Encephalopathy in Athletes: Progressive Tauopathy following Repetitive Head Injury

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

O teste ergométrico: muito além do atestado para atividade física.

Recentemente fomos convidadas a escrever para o VitaNews. Trancrevo abaixo nossa contribuição sobre teste ergométrico.
O teste ergométrico, também conhecido por teste de exercício ou teste de esforço, vem sendo cada vez mais solicitado, em função da obrigatoriedade do mesmo quando da liberação para a prática de atividade física. No Rio de Janeiro, o artigo 1° da Lei 2014/92 obriga a apresentação de atestado médico de aptidão física, no ato da matrícula nas academias e ginásios de artes marciais, musculação e ginástica de qualquer tipo, que deverá ser renovado a cada 06 (seis) meses e arquivado e anotado na ficha do aluno ou usuário. De acordo com a justificativa publicada junto com a homologação desta Lei, a avaliação médica deve incluir teste ergométrico. 
Na verdade, o teste ergométrico representa muito mais do que mera burocracia para que possamos freqüentar academias. Trata-se de exame médico com fins prioritariamente diagnósticos e prognósticos, mas que também, quando bem interpretado, pode ser utilizado para a prescrição segura e otimizada de exercícios físicos. 
Existem livros inteiros sobre teste ergométrico e foge ao escopo deste artigo descrever todos as possíveis interpretações de um teste ergométrico. De forma resumida, o exame pode diagnosticar doença arterial coronariana, auxiliar na investigação de cansaço desproporcional aos esforços, avaliar a resposta de diferentes tratamentos medicamentosos e registrar a resposta da pressão arterial ao exercício.
Em indivíduos saudáveis, o teste ergométrico “normal”, pode ser utilizado para a prescrição de exercícios. O uso de frequencímetros (equipamentos que registram continuamente a freqüência cardíaca) está cada vez mais corriqueiro. Para a prescrição correta da atividade física em faixas de freqüência cardíaca precisamos saber, no mínimo, qual a nossa freqüência cardíaca máxima. Entretanto, sabemos que as muito difundidas fórmulas para previsão da freqüência cardíaca apresentam erros. A prescrição da atividade física de acordo com a freqüência cardíaca estimada, e não aferida, poderá implicar em indicação de intensidade diferente da correta, ou seja, treinos muito intensos e com maior risco de lesões (quando a frequência cardíaca máxima foi superestimada) ou treinos menos intensos, e com menor benefício (no caso de frequência cardíaca máxima subestimada). A melhor forma de aferirmos corretamente a frequência cardíaca máxima é realizando um teste ergométrico máximo, onde o indivíduo interrompe o exercício por ter alcançado a exaustão. 
Existem muitos outros dados que do teste ergométrico que podem ser utilizados para a prescrição de exercícios, mas para isso o ideal é conversar com um especialista. 
Converse com seu médico e bom treino!

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Exercício e Diabetes

Acaba de ser publicado o novo consenso americano sobre exercício e diabetes mellitus tipo II. O documento é conciso e de fácil leitura. Vale a pena conferir!

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Reanimação cardiopulmonar: o ABC virou CAB!!!!

http://lowerbloodpressurecheap.com/sudden-cardiac-arrest
Acaba de ser publicado o novo Guideline Americano para Reanimação Cardiopulmonar. Na minha opinião, todo mundo, profissional de saúde ou não, deveria aprender noções básicas de reanimação. Obviamente, profissionais de saúde têm obrigação de estarem aptos para atender adequadamente à parada cardiorrespiratória. A grande novidade deste guideline é que o conhecido ABC da vida (airway-breathing-circulation) foi transformado    no CAB (Circulation-Airway-Breathing) da vida. A justificativa para esta mudança é que o oxigênio estará presente na circulação e nos pulmões logo após a parada e a abertura inicial de vias aéreas além de desnecessária, atrasaria o início das compressões torácicas que permitem a circulação sangüínea.
Outra mudança diz respeito à freqüência e intensidade das compressões torácicas: pelo menos 100 compressões/minuto, capazes de aprofundar o tórax em 2 polegadas.
Existem outras mudanças relativas a drogas e outros detalhes médicos que não serão publicados aqui, por tratar-se de blog de livre acesso. Mas vale a pena ler este novo Guideline!


quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Plataformas vibratórias: modismo sem embasamento científico

Recentemente fui convidada a participar de uma entrevista sobre plataformas vibratórias. Obviamente já ouço falar destas plataformas há algum tempo. Apesar do intenso marketing para uso das mesmas, eu tinha a impressão de que seus benefícios não estavam cientificamente comprovados. Mas confesso que nunca tinha buscado esta informação até ter sido convidada para tal entrevista. Como sempre faço, lá fui eu consultar o PubMed ...e comprovei minha impressão!
Encontrei pouquíssimos artigos e a maioria deles foram realizados em animais. Nestes poucos estudos, sugere-se uma melhora da densidade mineral óssea no quadril de mulheres pós-menopausa submetidas ao treinamento com plataformas vibratórias. Apesar destes resultados, os marcadores bioquímicos que indicariam aumento na produção de células ósseas não se mostraram elevados e, por isso, tais resultados ainda são bastante controversos. Quanto ao prometido ganho de força muscular, nenhum estudo realizado até o momento comprova qualquer benefício. Entretanto, um estudo ainda em andamento (VIBES trial) poderá responder a esta pergunta com mais propriedade. Finalmente, em relação ao emagrecimento, não há estudos.
Concluindo: Não encontrei nenhum estudo sério que justifique trocar qualquer treino já com benefícios comprovados (mesmo que com um pouco mais de cansaço e suor...rs) pelo treino nas plataformas vibratórias. Ciência sempre pode mudar, até porque não tem estudo comprovando que não funcione (muito menos que faça mal...) mas benefícios também ainda não foram comprovados.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Nunca é tarde para começar: exercício e prevenção do câncer de mama

Um artigo recém publicado na Archives of Internal Medicine mostra que caminhadas regulares reduzem o risco de câncer de mama em mulheres pós-menopausa. O estudo realizado por pesquisadore da Universidade de Harvard, EUA, acompanhou  quase 100.000 mulheres por cerca de 20 anos e concluiu que atividade física moderada, como caminhada rápida, na maior parte dos dias da semana reduziu o risco de câncer de mama em mulheres pós-menopausa. Nunca é tarde para começar a se prevenir!
Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjueLbd0yMsVLYwhsjCqydmg2JK4G8gLeiIK0SmZzbBYNGRHZ-OIfDhl-MrPLPml23qUWRj5B0zfD474ZI8sb98Pdwj2IWGwVohX7em5RwgHl2w0VOrtkA7spMP_hxdGP-Cbc98VKSpoJM/s1600/corrida-contra-cancer-de-mama.jpg

domingo, 14 de novembro de 2010

Dia Mundial do Diabetes

Dia 14 de novembro é o Dia Mundial do Diabetes. Serão realizadas diferentes atividades no Brasil, para nos lembrar que o Diabetes afeta milhões de pessoa no mundo, apesar de boa parte destes casos ser passível de prevenção.
Transcrevemos abaixo as informações contidas no folder da Campanha para controle do Diabetes. Maiores informações em http://www.diamundialdodiabetes.org.br/

2010 é o segundo ano da campanha Diabetes: Educar para Prevenir.


Este tema foi escolhido para os anos de 2009 a 2013. A intenção é alertar a todos que estão envolvidos com o diabetes a controlá-lo. Este ano o Dia Mundial do Diabetes terá um novo período oficial de atividades: de 7 a 14 de novembro. Participe!






É hora de agir, agora.


Os objetivos para este ano são:


Para o público em geral e pessoas com grande risco de ter diabetes:


• Aumentar a conscientização e disseminar recursos para ajudar na prevenção.


Para quem tem diabetes:


• Divulgação de ferramentas para melhorar o conhecimento da doença, com o objetivo de entendê-la melhor e prevenir as complicações;


Para os governos e políticos:


• Comunicar a economia gerada pelas estratégias de prevenção e educação em diabetes como um componente do controle e do tratamento.


Pontos-Chave


• Conhecer os sinais e sintomas do diabetes, pois um diagnóstico precoce pode salvar vidas.


• A prevenção e o tratamento do diabetes são simples e têm custo-benefício favorável. Isso deve ser colocado como prioridade.


• Consultar um médico para saber se há risco de ter diabetes.


• Para quem tem diabetes, desfrutar de uma vida ativa e prevenir complicações.


Prevenção do Diabetes


O diabetes tipo 1 ainda não pode ser prevenido. Já o tipo 2 pode ser evitado em muitos casos, de forma acessível e barata: ter uma alimentação saudável, manter-se no peso ideal e praticar atividade física regularmente. Isso deve ser feito com a orientação de profissionais de saúde.


Educação em Diabetes


Um programa de educação em diabetes permite que os pacientes estejam preparados para tomar decisões baseadas em informação, mudem o estilo de vida e lidem melhor com os aspectos psicossociais. O mau controle resulta em prejuízo para a saúde e em uma grande probabilidade de desenvolver complicações. Já o diabetes bem tratado proporciona tranquilidade e qualidade de vida.


Atletas e o Diabetes


Não é preciso deixar a atividade física ou desistir do sonho de ser atleta por causa do diabetes. Pelo contrário, ela contribui para que as metas do tratamento sejam atingidas.


Com alimentação e terapia medicamentosa adequada, é possível exercitar-se e até mesmo competir, sem que o rendimento fique prejudicado.


Há vários atletas profissionais e amadores que convivem com o diabetes e são exemplos para milhares de pessoas.


Atenção aos Sintomas do Diabetes!


• Urinar com frequência.


• Sede excessiva.


• Fome aumentada.


• Perda de peso.


• Cansaço.


• Falta de concentração e de interesse em atividades rotineiras.


• Vômitos e dores de estômago (frequentemente confundidas com gripe).


• Sensação de formigamento ou torpor nas mãos e pés.


• Visão embaçada.


• Infecções frequentes


• Feridas de difícil cicatrização.


Caso tenha alguns desses sintomas, consulte seu médico para fazer os exames adequados.


Fatores de Risco – Diabetes Tipo 2


Algumas características podem indicar tendência ao diabetes tipo 2:


• Obesidade e sobrepeso


• Sedentarismo


• Intolerância à glicose identificada por exames


• Hábitos alimentares não saudáveis


• Idade avançada


• Pressão e colesterol altos


• Histórico familiar de diabetes


• Histórico de diabetes gestacional


• Acúmulo de gordura abdominal


• Etnia: asiáticos, hispânicos, indígenas e afrodescendentes.


Se você tem risco de ter diabetes tipo 2, é importante fazer acompanhamento multidisciplinar.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Por que malho e não emagreço?

É comum ouvirmos essa pergunta nas academias e consultórios de medicina do esporte. A resposta, como para a grande maioria das perguntas do nosso dia-a-dia, é multifatoral. Vamosfalar um pouco mais sobre isso neste post
Se você já procurou um especialista e não tem qualquer doença que leve ao ganho de peso, como por exemplo o hipotireoismo, descobrir o motivo pelo qual você não perde peso apesar de se exercitar regularmente não é tão difícil assim. O ganho ou perda de peso é resultado de um balanço calórico muito simples: se ingerimos mais calorias do que gastamos, vamos ganhar peso. Então, no final das contas, o segredo é ingerirmos menos calorias do que gastamos.
O grande problema é que muitos, apesar de se exercitarem e aumentarem seu gasto calórico não conseguem perder peso e , algumas vezes, até ganham peso. Uma das explicações é que, na verdade, está havendo perda de gordura e ganho de massa muscular. Isso pode ser verdade em muitos indivíduos, mas para comprovar esta teoria só há uma maneira: fazer uma avaliação da composição corporal, aó invés de levar em consideração apenas o que a balança está dizendo. Já escrevemos sobre composição recentemente. Aos interessados, sugiro leitura do post Índice de massa corporal ou composição corporal?

Apesar desta tentadora explicação, na maioria das vezes o motivo para não perder peso apesar de se exercitar se chama  "compensação". Quantas vezes ouvimos " Posso comer este X-tudo porque hoje corri 5 km?". Frases assim são muito comuns e é o desconhecimento sobre quantas calorias conseguimos perder, a duras penas na academia, e quantas ganhamos facilmente comendo que leva, na maior parte dos casos, à dificuldade de perda de peso nos assíduos freqüentadores de academias. Encontramos esta tabela em uma reportagem publicada na Revista Isto é, em 2009, que dá um bom exemplo de como é fácil "não perder peso". 




Você deve estar pensando: então posso parar de malhar, economizar o dinheiro da academia e simplesmente fazer dieta? A resposta para esta pergunta é: depende... Os benefícios da prática regular de exercícios físicos vão muito além do controle de peso. Não há dúvidas quanto às menores taxas de mortalidade e incidência de doenças cardiovasculares e diabetes tipo II naqueles que se exercitam regularmente. 
Então, não tem muito jeito, para manter a forma com saúde: dieta equilibrada e exercícios!

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Mais um artigo publicado!!!



Hoje recebemos a versão final, publicada de mais um artigo onde avaliamos questões relativas à variabilidade da ventilação. Neste artigo comparamos as variabilidades de ventilação, freqüência respiratória e volume corrente ao longo de um teste cardiopulmonar de exercício em atletas e sedentários. 
Publicamos abaixo o resumo do artigo. Aqueles que se interessarem pelo assunto, basta nos solicitar a versão completa que enviaremos por e-mail. por motivos de direitos autorais não podemos disponibilizar o artigo na íntegra aqui no blog.


Principal components analysis to evaluate ventilatory variability: comparison of athletes and sedentary men
R. R. T. Castro • M. Magini • S. Pedrosa • A. R. K. Sales • A. C. L. Nobrega
Abstract The present work quantifies, through principal components analysis (PCA) the relationships among the variability of breath-by-breath ventilatory parameters [minute-ventilation (VE), tidal volume (Vt), and respiratory rate (FR)] during a maximal progressive exercise test. The results show that the first and second eigenvalues of the covariant matrix contains almost 90% of the variables’ variance possible to see through the PCA, which means that the problem can be reduced by a two-dimensional analysis. The results show a close similarity between the global variability in two groups test, athletes and sedentary (control). For the athletes group, the parameter Vt is responsible for the high VE variability values while in the sedentary group the FR is more relevant for VE variability. The result improves the knowledge about respiratory variability during exercise, showing that Vt’s and FR’s variabilities contribute in different ways to global ventilation variability during a maximal cardiopulmonary exercise test in athletes and sedentary men.


quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Se não fizer bem, ao menos não fará mal. Será????

Muito interessante o comentário do Prof. José Caballero, professor da Universidade Johns Hopkins, publicado no Cleveland Clinics Medical Journal (Out/2010) e disponível gratuitamente na internet. Ao ser perguntado sobre a indicação de suplementos vitamínicos em indivíduos saudáveis o Prof. Caballero foi taxativo em responder que além de não fazer bem, o uso de suplementos vitamínicos sem indicação médica pode fazer mal. Pois é, aquela máxima de que se não fizer bem, ao menos não fará mal, definitivamente caiu por terra no que diz respeito ao uso indiscriminado de polivitamínicos. O comentário do Dr. Caballero baseou-se no Guia nutricional para a população americana, também disponível online.

Nenhum estudo científico foi capaz de reproduzir, com a suplementação de vitaminas, os mesmos resultados encontrados quando realizamos uma dieta rica em vegetais e frutas. Provavelmente, existem muito mais componentes benéficos nestes alimentos do que os que conhecemos e tentamos incluir nos polivitaminícos.
Outro fato interessante: vitaminas podem fazer mal. O Selenium and Vitamin E Cancer Prevention Trial (SELECT 3) foi interrompido após detectar  maior número de casos de câncer de próstata nos indivíduos que receberam vitamina E e  maior incidência de diabetes naqueles que receberam suplementos com selênio.
Além disso, uma metanálise revelou maior mortalidade em indivíduos que fizeram suplementação com vitamina E.
Fica o recado: ao invés de passar na farmácia, vamos melhorar a qualidade de nossas refeições!